Meu tio me perguntou se eu já tinha visto um clássico do terror (esqueci o nome, mas era uma exclamação feliz, tipo “woopa dee doo”). Eu falei que não e fui assistir. Era um filme em preto e branco, mas relativamente recente. Os personagens tinham celulares, aqueles com botões, que tiravam fotos e tinha uma espécie de Whatsapp. Não sei bem se era uma animação ou não, os personagens pareciam pessoas reais, mas a protagonista tinha olhos grandes demais, que ocupavam metade da sua cara, e algumas cenas eram todas desenhadas. O filme era sobre essa menina, que tinha cabelos longos, lisos e loiros com franjinha, que estava em busca de alguma coisa, acho que do seu pai. Durante sua jornada, ela encontrou um menino, alguns anos mais velho do que ela, ela deveria ter uns 08 e eles uns 16. Ele havia conquistado profunda confiança dela. Entre muitas coisas que eu me esqueci, ela recebeu uma foto no celular que nitidamente parecia um vírus, então ela perguntou pra ele se era seguro abrir. Ele disse que sim. A foto era colorida, tinha o desenho de um menino afundando em uma água que parecia bosta diluída (essa cena foi em desenho) e, no exato momento em que ela abriu a foto, ela acordou, amarrada, com os cabelos cortados, com cara de mais velha, algo entre os 14 anos, e sem ostentar mais os olhos grandes. Então, o filme mostrou que nunca houve pai nenhum e que o menino e quem enviou a foto planejaram o tempo todo enclausurar a menina. Eu não sei explicar o que me indicou isso, mas a sensação era a de que a menina estava o tempo todo lá presa e vírus só fez com que ela despertasse lá, como se fosse algo do tipo “um fantasma só consegue entrar em um corpo com consentimento”. Eu senti muita angústia vendo ela presa de uma forma tão claustrofóbica. Depois de terminar, fui chamar minha irmã para assistir, pq era um filme bom. Mas assim que começou, eu saí, pq tinha algo de perturbador num nível inexplicável nele.
M. Manna
Natal
Brasil
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