Um lago dentro de uma paisagem marrom e montanhosa como nesses filmes norte-americanos que se passam na “casa do lago”, no outono. Um lago outonal. Eu escorrego para dentro dele, de roupa. A água é boa. O ar é bom. Dentro do lago tenho amigos e sei que há alguém, uma pessoa em particular, com quem me sinto muito bem estando junto, ali, dentro daquela água toda. Há algo acolhedor. Sei que mais tarde vamos todos para a casa na montanha e que lá jogaremos jogos como em férias de acampamento. Na casa,que tem gigantescas janelas e fica no alto da colina, descubro que estão digitalizando um filme que há muito quero assistir, um filme do cineasta Neville D’Almeida. Digitalizam películas com frequência – que interessante, eu penso. Enquanto isso, minha mãe nos prepara limonada e eu sei que ganharei na tele-sena assim que anoitecer, quando a televisão começar a cantar os números. A luz é sempre amarela, é final da tarde e há uma serenidade inabalável em todos os móveis da sala.
Fernanda
São Paulo
Brasil